quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Branco Amarelado

Mais um fim de ano, mas uma vez a mesma coisa. Os mesmo desejos, as mesmas promessas para a lista que logo será esquecida, as mesmas pessoas, a mesma vidinha. Fim de ano, mais um ano, um novo começo? Apenas mera continuação?! Praia, fogos, musica ruim, bêbados, garrafas de sidra barata ou espumante pela areia, depressão... Por que não? Todos ébrios, querendo festa e eu no meu quanto sóbria vendo a decadência humana. Mais um ano? Na verdade um ano a menos, a idade se acumulando, os anos passando... Qual o motivo de tanta festa? Observava a decadência musical também, a cada ano um novo hit tão previsível e insuportável quanto os demais.

O branco da tradição? Até ele anda meio desbotado... Não há mais o contraste do povo de branco e os poucos descrentes de preto. A coisa anda colorida demais... Mas melhor nem falar sobre colorido nesse fim de ano... Piadinhas a parte, o amarelo, rosa, vermelho em alta... Dinheiro, amor, paixão... Meu olhar para o futuro não é muito otimista, basta olhar para todas as catástrofes ambientais que aumentam a cada ano para acreditar na profecia maia. Mas talvez no fundo tudo isso se deva por um egocentrismo que não se deixa realizar, festa em todo o país que não me deixam fazer a minha me particular, quem recém fica sabendo e mal me conhece diz “ah que bacana” “não é não”, no meu dia amigos estão longe, conhecidos nunca lembram...

Pessoa: - “Feliz ano novo”
Eu: - “Só isso”
Pessoa: - “Não... muita saúde, paz prosperidade”
Eu: “ ¬¬”

Mas sabedoria que se acumula é o melhor presente, melhor do que falsas felicitações. Agora a velhice já não me assusta tanto... Vou aprender a jogar gamão, montar um moto clube... Hahaha

As reclamações são mais para não perder o costume mesmo, os dois últimos anos foram ótimas, muitas mudanças inicio do ano passado, neste ano foi mais um aperfeiçoamento. E creio que este que está por vir é uma continuação e uma melhor organização da minha vida, se continuar tudo como está na minha vida, está ótimo.

Só que a nossa volta sempre o desejo de mudar, não ao conformismo, jamais.
Bom 2011 a todos. Que seja um ano mais sustentável, menos conformista, com mais informação bem aplicada. E realizações pessoais para todos também. E ficamos por aqui com aquela piada do tio do churrasco... até ano que vem ¬¬' hahahaha

domingo, 12 de dezembro de 2010

Destroços

Fui até lá, mas tudo já tinha acabado, só havia uns poucos perdidos, ébrios ou drogados. Fui até lá, sentei e esperei, esperei pelo temporal que se aproximava, mas nem ele quis me ver. Andei um pouco por aquelas ruas antigas, alguns pingos pegaram em mim, tentei achar alguém, tentei achar alguma inspiração, mas nada havia além de mim mesma e essa convivência turbulenta entre nós.

Talvez essa convivência seja turbulenta há algum tempo, mas não tenha percebido. Há tão pouco tempo para ficarmos sós. Sempre com um milhão de coisas para fazer, sempre querendo fazer tanta coisa e não conseguindo, sempre querendo dar atenção para tantas pessoas e acabei esquecendo... Sempre que fico meio a toa sinto que tem algo errado, talvez pelo costume de sempre estar tudo errado, de sempre estar correndo sem saber direito para onde. Sendo sempre “aquela garota que anda rápido e por isso passa e não me vê”.

Há tão pouco tempo que o tempo que eu tenho e tento agarrar se esvai por entre os dedos e cai pelo bueiro, eu tento lamentar, mas quando vejo as preocupações já são outras. Mais um dia a toa. Mas logo só sobrarão as poças de lama dessa tempestade.

Ps.: Ao tentar postar esse texto tentei logar com meu e-mail pessoal e depois com o da faculdade, where’s my mind?

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Brinde

Á paixão levanto essa taça de vinho tinto. Ah paixão... Paixão inconstante tal quais as chuvas apocalípticas de verão, as quais tanto me agradam com seu odor límpido característico de terra molhada, com seus ventos sem destinos, com seu prenuncio de duração eterna, com seu fim inesperado, com duração indeterminada.

Dia desses ao sair feliz de casa encontrei um garoto no elevador, aquele que estava prestes a descobrir as maravilhas da adolescência... Estava arrumado e usava um perfume característico, como o de alguém que custei a descobrir, ele conferia os detalhes no espelho do elevador e eu pensava em quem seria a merecedora destes detalhes de alguém que parece sair para seu primeiro encontro, fiquei feliz ao perceber que coisas como essa não mudam com o tempo. Então a felicidade boba se apoderou de meu ser.

Lembrei-me da ultima vez que vi essa ao andar pelas ruas do centro, os prédios históricos e o cheiro de cultura sempre pairando pelo ar me fazem bem nessa cidade... Mas o motivo daquele dia era diferente. Lembrava de um carinho escancarado no qual nos dias de hoje só provem de casais, tratava-se de casal, mas de amigos quase irmãos, nada, além disso, amizade casta e intocável desacreditada por toda a sociedade. Abraçar as pessoas hoje em dia sinal do ser ébrio se apoderando do ser racional, abraçar as pessoas às vezes é realmente culpa da bebida, outras vezes a bebida que é desculpa para abraçar as pessoas sem se preocupar com os pré-julgamentos.


Hoje naquela profunda vivencia com seus entrelaces, com seus contrates tão bem definidos estava eu em minha longa viagem perto demais que alcançava e compreendia tudo. Minha paixão ao todo esparramada encontrava-se focalizada então naquilo que mais estimava, não mais em figuras inexistentes que eu transportei tantas vezes para atores reais. Agora tudo estava em seu lugar, e eu perdida no meio do macio.

domingo, 24 de outubro de 2010

Novos Velhos Conceitos

Eles todos queria se transportar para o passado. Eu queria voltar para a adolescência para quando era a eles semelhante. A noite se iniciou com uma nostalgia de doer a alma e uma tristeza a qual insiste sofrer. No meio daquela maré embriagada de felicidade há um pequeno ponto mais gelado. O ponto mais gelado ocasiona um choque térmico no sistema, a energia cinética a se movimentar... Os átomos a mostrar toda a sua força dentro de seu ser tão pequeno e insignificante.

O copo de vidro frio trinca por dentro dele ser entornada água fervente. Mas ela insiste em desafiar a natureza selvagem e se jogar dentro daquele mar revolto, quente em meio a uma tempestade elétrica. Assim que ela coloca o primeiro pé o mar se acalma, pois ao fazer parte dele percebe que toda aquela energia é mal canalizada. Ela não estabiliza a energia e também não quer ser um mero condutor elétrico onde se prega que se deve conduzir por conduzir sem amor, mas para um objetivo maior de pregar o a forma livre do que não deveria ser conduzido.

Um mar de pura contradição, onde idéias revolucionárias e machistas formam um híbrido nem um pouco comum, pois os homens que lá estavam queriam parecer por fora maiores do que por dentro, com isso se enchiam de ar e hipocrisia. As interações fracas se criavam... Mal sabiam eles que essas podem ser alteradas facilmente. A estrutura fraca assim construída se desmonta por desnaturação a menor alteração do calor.

Seriam esponjas que se enchem de nada para se tornar maior ou palha de aço que enche tudo de ferrugem, servem apenas para causar atrito, mero condutor elétrico que sem força de outrem não tem a menor utilidade?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O cumprimento

Eu estava entretida a tirar suas coisas do escaninho, o armário escolar da biblioteca. Uma pessoa feliz me cutuca, olho para trás e acha que a pessoa havia lhe confundido de costas, como é de costume. Volta-se novamente para frente. É novamente cutucada, dessa vez a garota saltitante lhe diz empolgada e feliz:

-Oi!

Não conhecia a garota e tão logo pensei “Vou ser educada, apesar de ela estar se enganando demais, quem ela acha que eu sou? Eu nunca vi essa pessoa antes na minha longa vida.”

-Oi...

-Já te cumprimentei milhões de vezes e você nunca responde – diz a garota com um sorriso de ponta a ponta.

- Deve ser porque eu não te conheço, pensei. Mas resolve responder com um simples: “Desculpa” e tirando as coisas do armário tento correr para longe daquela situação embaraçosa. Tento por vários minutos pensar em outro desfecho para aquela história, relembo todas as atitudes que poderia ter tomado.

Será que deveria ter admitido para ela que ela não me conhecia, mas se ela me conhecesse poderia ficar chateada, não poderia tirar aquele sorriso daquele rosto ainda infantil. Mas se eu mantivesse um diálogo talvez tivesse falado besteira... Talvez acabasse por entregar o segredo que minha testa reluzia. Ou quem sabe tendo a conversa iria personificar a loucura daquele ser que pensava me conhecer.

De qualquer forma seu rosto de minha mente já se apagou e eu talvez eu continue sem responder seus cumprimentos sinceros, apimentados com um pouco de informalidade a qual eu gostaria de saber de onde vem.

sábado, 4 de setembro de 2010

Brazilian Cheese Bread

Ela sentia falta daquele pão de queijo o qual sempre comia no recreio, quando tinha seus 7, 8 anos, tinha a opção com e sem orégano... Apesar de hoje em dia ela amar orégano, ela sempre pedia sem. Certa vez a nostalgia foi maior e ela resolveu voltar a cidade e procurar a padaria.

Quando ela finalmente chegou, percebeu que a fachada não era mais a mesma, ou talvez sua memória. Não tinha mais aquele estilo colonial, mas mesmo assim pediu o tal pão de queijo. Ficou com receio de pedir com orégano e não haver mais essa opção, passando por excêntrica para a mulher do balcão, além do mais, sempre que se pedia pão de queijo a pergunta lhe era automaticamente feita.

Ela ficou a salivar enquanto esperava... Parecia uma eternidade solúvel que ia se aproximando de sua boca. O pão de queijo chega, parecia-lhe igual, o sabor também, mas isso não a satisfez. Percebeu então que a falta que sentia não era do pão de queijo, e sim de ter 7, 8 anos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Rosemary faz as malas

Vou-me embora... Para Pasárgada ainda não, é tarde demais, nos dias atuais encontraria apenas um sítio arqueológico, outra que alcalóides não me interessam, não utilizo nem a tão querida por todos: cafeína. Nem aprecio a maligna nicotina...

Mudar-me-ei para perto da praça, mas espero não rever aquela velhinha alimentando os pombos, até ai tudo bem se ela não pegasse a bengala e tentasse os acertar em quanto gargalhava com uma boca sem dentes...

Vou sair do cortiço que vivo: um prédio antigo típico da trilogia do apartamento de Polanski. Espero não mais acordar com a cama da vizinha de cima a ranger cada vez mais rapidamente até parar, esperar uma meia hora e retornar, outro vizinho diz que ela ganha para isso, o que não me interessa e preferia não saber. Não mais serei acordada pela vizinha de baixo que sabe o horário que chego e saio, a qual me acorda e irritada pede para eu fazer silencio. Não escutarei mais o vizinho imitando Fudêncio fazendo um discurso de ganhador do Oscar, nem sentirei do nada cheiro de maconha, ou alguém assobiando Guns.

Numa dessas acordei por volta das quatro horas da manhã de um dia útil com a voz e o choro de uma mulher desesperada a qual dizia: “Oh meu Deus, o que foi que eu fiz?”. Eu pensei “Minha nossa, ela matou o marido e se arrependeu”. Mas não, isso era apenas uma das muitas brigas que viriam dali para frente.

Aqui o pessoal é bem diversificado, tem gay, lésbica e travesti, tem estudante, filhinho de papai... Renderia tudo isso uma bela história desse prédio tão antigo, mas o que eu fiquei sabendo foi por mero acaso, por mim preferia não saber de nada disso, mas ai não teria essa história para contar. Acho que enfim poderei dormir em paz.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Encontro boêmio

Ela era loira, tinha o cabelo curto daqueles sob medida para poucas mulheres de coragem, um cabelo loiro com um corte fácil de arrumar. Estava sentada próximo à porta do bar, extremamente arrumada usando um vestido preto colado de um material reluzente, algo entre o vinil e o couro, de um gosto um tanto quanto sadomasoquista, ostentava um sapato de salto agulha o qual alongava ainda mais suas pernas.

Tudo isso me deixava com um insistente pensamento: O que estaria uma pessoa com toda essa elegância em um bar vagabundo onde se vende bebida batizada e só aparecem pessoas estranhas? Ela parecia estar no local errado, esperando pela pessoa errada. Demonstrava sua raiva contida ao olhar para a porta como um olhar superior, tal qual de uma juíza a dar um veredicto. Minha intenção era ir lá e puxar um assunto, mas o último cara que foi falar com ela saiu disfarçando a vergonha e as lágrimas.

Sinto então raiva de não saber desenhar, a qual vez que outra me aflige profundamente. Se soubesse reproduzir aquela imagem que observei a noite inteira teria uma obra prima. Fotografia também seria uma ótima forma de guardar o momento, e uma ótima forma de morrer também, discreta como só eu sou.

Quando o bar estava quase fechando fui embora sem saber o final daquela história da mulher que esperava sem ter horas, esperava incomunicável, sem celular, sem bolsa e nem mais nada. Que apenas esperava tomando um copo de água. Acho que no fundo ela tinha o mesmo perfil dos freqüentadores do bar, só eu que tanto olhei que não percebi.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Re-cycle

Estava a reviver tudo aquilo, o que eu quis por muito tempo, mas escolhi pela sanidade, pela razão. Mas em meu sonho eu corria para o abismo, para sentir aquele vento em minha face, para sentir aquela liberdade, aquele perigo encantador da descida. Jurei por muito tempo me afastar de tudo aquilo, mas lá estava eu de novo.

E o telefone toca, toca na mesma hora que todos os dias, não sei porque da insistência no mesmo horário que o resto da semana, nem tarde, nem cedo, mas na parte mais emocionante do sonho. Fico aliviada em acordar, mas a dona da casa não está, não tenho motivos para atender. Não quero mostrar meu mau humor matutino para o telemarketing.

Saio de casa e sonho me acompanha o dia inteiro, como se eu revivesse tudo aquilo que me afastei por tanto tempo e assim conseguir me libertar. Todo esforço parecia agora inútil, mas logo eu esqueço de tudo isso de novo.


Obs: O título desse texto tirei do nome de um filme, o qual parece meio tosco de inicio, mas que a história toma um rumo bem interessante. O que me chamou a atenção foi a capa surrealista dele. Em português o nome ficou com Assombração, provavelmente a pessoa que traduziu só viu a parte tosca do filme, mas lhes garanto que não tem nada a ver.
Fica como dica para essas férias chuvosas.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Falecido marido

Que saudades sinto de meu falecido marido.
Sentir o frio do cobertor gelado, passar as noites ajunto ao travesseiro me traz nostalgias imensas.

As noites que costumavam ser acompanhadas de uma bela taça de vinho tinto, de declamações de poesias em torno da lareira no inverno, não mais existem, minhas noites se tornaram vazias e tristes. Ele se foi cedo, com seu corpo jovem e até então cheio de vida. Lembro-me como se fosse ontem... Em uma noite quente de verão ele nu a observar a luz dos carros à meia luz da rua... Seu corpo remetia-me a uma estátua grega... Seu corpo pálido e magro remetia-me aos romantistas e eu ficava a inventar poemas, os quais escondia por seu alto teor sexista. Lá estava ele a segurar seu cigarro, de forma impositiva, de um jeito meio junkie remetendo-me a vários homens sexys desse gênero... Não gostava do cheiro do cigarro, mas o jeito que ele o segurava era incrível.

Porem essa beleza auto-destrutiva o levou de mim para o Olimpo, pra nunca mais voltar.

Agora só restam saudades em minhas noites frias...
As vezes surpreendo-me enganando-me, com a ilusão de que ele fora apenas comprar cigarros e nunca mais voltou. Ás vezes sinto que ele forjou a morte apenas para me ludibriar, pois as vezes quando estou só a andar pela cidade sinto seu cheiro e não vejo ninguém por perto.

sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos Namorados, ou não...

Essa histeria coletiva na qual muitos mergulham, essa carência coletiva, esse querer se estar com alguém para estar na moda, buscar um alguém que existe em sua mente, realizar um ideal romântico com alguém que não se manifesta, tornar alguém ator de seus delírios.

Às vezes uma chance a mais de receber um sim há muito tempo esperado, às vezes, a oportunidade de dar um sim a um sentimento a muito negado. Ás vezes uma simples devassidão, uma simples obrigação, um simples delírio personificado, um senso comum aplicado.
Hoje muitas pessoas pensaram muito e não fez nada.

Outras tentaram fazer e não conseguiram.
Outras apenas seguiram a moda.
Outras expressaram seu amor.
Outras tantas se afundaram no chocolate.
Eu apenas fiquei aqui a pensar e a viver.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mundo Mecânico (Admirável Laranja)

Em um futuro não muito diferente dos dias atuais a humanidade passa seus dias a promover seu intuito mor, seu maior objetivo, sua única crença, O SISTEMA. Mas um homem foge as regras.

Acostumado a acordar todos os dias e cuidar da sua plantação de milho, o homem isolado da sociedade, mas não das pessoas passa seus dias a filosofar sobre seus sonhos, a viagem de seu espírito por vidas passadas. Lá ele se encontra buscando evoluir tal como Platão, lá se encontra ele esperando pelo fim do ciclo, evoluindo e esperando um novo começo mais fácil e uma nova vida melhor. Conhecia ele através de suas viagem todas as sutilezas entre a vida e a morte, entre o céu e a terra, nunca jamais havia duvidado, então sua vida era plena e tranqüila. Não esperava pela morte e sim por um recomeço.

A sociedade da época desse “homem bucólico e arcaico” segundo julgamento da própria ia padronizando as pessoas, seguindo o que até então era visto como artimanha do inimigo vermelho. Essa sociedade aboliu assim como seus inimigos as crenças, mas passou a louvar Comte. Seus messias eram cientistas e seu altar mesas frias de mármore, seus santos uma série de tubos como aqueles de xarope de morango, mas que ao invés do desenho da fruta ostentam símbolos químicos e indicam grau de pureza e molaridade. A visão de religião desse povo é tida como algo provinciano e ultrapassado, como uma série de mitos sem sentido para aquilo que a ciência não conseguia explicar, uma visão como a nossa sociedade atual tem do paganismo grego. A polêmica da divulgação dos resultados de experimentos sob a vida após a morte já era página virada, o vaticano agora já havia sido derrubado depois de uma série de escândalos de corrupção e acusados com pena perpetua pelo pior dos crimes: Impedir o avanço da ciência.

Vizinha ao homem fora dos padrões vive então uma mulher de aproximadamente seus 50 anos, que passa a vida dedicando-se a ciência como trabalho e ao capitalismo como hobbie. Imersa em seus deveres de cidadã demorou a notar a existência de um homem que morava ao lado de sua imensa casa moderna, seu vizinho parecia lhe não saber aproveitar o espaço de sua residência, ao invés de sala de jogos, bar, espaço teen, cinema, playground, piscina ou quadra de tênis, o velho senhor tinha uma plantação de milho. Isso demorou a ser notado, pois envolve uma curiosa história sobre o dia que a mulher foi obrigada a ver através de seus altos muros, pois teve que andar a pé 10 m, a história desse evento absurdo contarei a vocês qualquer dia.

Saindo então de sua residência, a mulher percebe que seu vizinho não tem altos muros cercando sua morada, criando então um novo hobbie, vigiar o excêntrico proprietário, isso a fazia se sentir bem e gerava-lhe certa nostalgia, havia crescido assistindo aos ultrapassados programas de reality show 24hs por dia. Com isso acaba por ficar apavorada ao descobrir as crenças de seu vizinho e resolve ligar para a polícia investigativa. Pouco tempo depois o homem é levado e sua casa lacrada e implodida, dando lugar ao progresso de mais um condomínio fechado.


Continua...

Ou não...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pesadelos protéicos

Os assuntos da faculdade me perseguem no bar
Pesadelos protéicos invadem minhas noites
Vizinhos correm com a minha felicidade
O álcool não tem mais o mesmo efeito.
Ranger os dentes a noite vira rotina.
Psicólogo, psiquiatra, calmantes e florais.
O bar só serve para me deprimir mais,
Quase posso enxergar os problemas
No fundo da negra garrafa de vinho tinto.
Insônia.
O sonho se tornou pesadelo?
Jamais, é isso que me faz acordar feliz,
Isso já basta, mesmo que por vezes vá dormir
de orelha quente.
Aliás, a mochila rasgou, espero ser mais resistente que ela...

domingo, 21 de março de 2010

Mundo nas Costas (Atlas)

Hoje a mochila estava mais pesada,
Com ela artigos de primeira necessidade,
Nela instrumentos de minha insanidade
Que a cada dia desaparecem.

Mais um dia,
Mais um esquecimento,
Mais um tomento.
O peso aumenta.
Retiro coisas dela por perder,
Retiro coisas dela por querer,
Retiro coisas dela para devolver.

O vazio é maior que o material,
Contrariando a lógica,
É ele que faz pesar.

O peso se soma aos pesares,
Cada dia minha coluna se inclina
um pouco mais.
Já não levo mais preservativos,
garrafas de vodka ou vinho,
livros de histórias.

Levo o que levarei para a vida.
Com o tempo levarei de forma imaterial,
Mas enquanto isso
colocam-se mais e mais coisas...
Minha coluna é pressionada,
Meu cérebro não resiste.
Logo será o contrário?
Nunca se sabe...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Lá e em outro lugar

Procure o melhor gramado da cidade, onde os lagartos vão passear, com pinheiros e sombra, um oásis em meio ao deserto, ao calor infernal que faz até a alma suar, lá ele comigo está. O lugar se torna melhor a noite, sob um céu limpo, abaixo do infinito estrelar, o cheiro etílico causa arrepios. O cheiro do vinho emana no ar a se espalhar com o vento noturno em harmonia com o som das ondas de Netuno a nos observar.

Distante de tudo, perto do imenso, talvez eterno e cíclico universo, deitada na grama sinto ele me chamar, poderiam as leis da gravidade sugar-nos?! Cairmos par cima e flutuarmos juntos, soltos, leves e eternos perto do tudo, longe do nada...

Com ele voltei no tempo, consegui estar de volta em um dos nossos primeiros encontros com toda aquela incerteza excitante pairando no ar, toda aquela duvida, aquele suspense que faze com que o tempo pareça infinito. O que parece nunca voltar de repente esbarra comigo em uma esquina sem pedir desculpas e fica na minha mente.

Dias depois o mar nos aguardava, as ondas traziam um movimento leve e iam me puxando, mesmo com água apenas até a cintura eu ia sendo levada, no meio do oceano eu flutuo e continuo a sentir esse movimento fluido, vejo uma lancha a balançar e o pé de um homem que dormiu com a nostálgica coletânea do Creedence.

Lá estamos nós dois na grama do infinito com uma garrafa vazia de vinho.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Sons

Em meio a uma multidão de sons,
Onde nada se consegue escutar,
Ela estava parada com um olhar
aquele que busca alguém chamar.
Aquele olhar fixo para um conhecido,
o qual parece não notá-la.
A culpa é da multidão,
a qual atrapalha seus chamados
e pedidos de atenção.
Nesse mar de pessoas e solidão.
O único zumbido nítido é uma pré-adolescente,
- entediada como 11 em cada 10 deles –
ao esfregar seus chinelos no chão.
As linguagens se misturam, modificam-se
tornam-se dialetos desconhecidos e exóticos.
Como uma fenda que se abre,
E lhe transporta, para um país desconhecido.
Ninguém fala a sua língua.
Não há tempo, sentido ou espaço.
Apenas o delírio e deleite coletivo,
mudo e ensurdecedor.
Tudo se confunde no nada.
Em meio a bafurdia, eis que surge a inspiração.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Onirismo

Orgulhava-me de minha quitinete em Curitiba, ela tinha quatro piscinas diferentes e alguma grama, isso era a cobertura do prédio, de lá se tinha acesso a uma escada que nos leva a uma espécie de sótão todo de madeira escura, meio desbotada e marrom, telhado inclinado e uma enorme janela que permite uma claridade incrível. Ao abrir a porta eis a escada, e em suas paredes obras de arte – tal como no museu Oscar Niermeyer – subindo observa-se um único grande cômodo, meu quarto e minha casa, as cores me confundem, não me recordo se a escada teria uma parede vermelha ou se isso se daria no grande cômodo, mas de qualquer forma, o vermelho vivo contrasta com um azul um pouco mais vivo que o Royal.

O grande cômodo possuía uns puffes, um sofá com xadrez em tons escuros e uns riscos ocre, e um grande mural de metal com fotos minhas e da Isadora, as fotos se amontoavam, mal conseguia observá-las direito, além do mais, ao invés de imãs eram pressas por pregos. Comecei então a soltar as fotos, foi nesse momento que ela disse que me amava, conheço várias pessoas que dizem isso por qualquer coisa, mas aquilo já era demais.

Ela é namorada de um grande amigo meu, morria de um ciúme anormal por mim, até que naquele dia, meu amigo avisa que ela quer me conhecer. E eu, não sei porque, acho uma boa idéia apresentar minha casa a ela.

Começo a questioná-la sobre esse sentimento repentino, quando aparece um cara que nunca vi na vida, com uma guitarra e pergunta se alguém gostaria de ser sua vocalista, eu começo a reclamar com ele, pois logo o show iria começar e ele já deveria ter tudo pronto e blablablabla, ele sai pela sacada dos fundos deixando a guitarra preta e grandes fones de ouvido em qualquer canto. A namorada de meu amigo diz que tem que ir embora, depois de ficar surpresa com o sermão que dei no guitarrista. Eu lhe entrego uma flor preta de tecido como lembrança, é daquelas que se pendura em qualquer lugar.Ela agradece e sai, eu a levo até um pedaço e descubro que tem mais gente pelo meu jardim suspenso do que imaginava.

Percebo então que ele é um museu de fato, digo para ela que logo a encontro. Nas pessoas da multidão encontro um amigo meu de tempos, falo que moro ali e começo a querer sair com ele para desbravar, ele recusa, mas acaba por aceitar depois que percebe que não é obrigado a acompanhar o guia. Mostro-lhe as quatro piscinas, de tamanhos diferentes, com a água agora suja e sendo preenchidas como que por uma onda. Ele se impressiona por eu ter conseguido um lugar tão legal para morar, eu ia lhe contar sobre os vizinhos, mas acabei deixando para lá. Mostrei para ele que parte daquele jardim suspenso dava em movimentadas avenidas de mesmo nível, mas com grades enormes em volta.

Nisso lembro-me da namorada de meu amigo e vou verificar se ela achou a saída, desço as escadas que dão para a saída, ao final delas encontro:
– John Entwistle!!! – eu grito, era o baixista da minha banda favorita, com sua famosa roupa de esqueleto.
Ele se movia para uma fila onde todos me olham estranho após esse grito.
– Foi uma piada, eu sei que ele morreu – tento eu disfarçar.
Nisso vejo que naquela fila todos parecem roqueiros e nela vejo a beleza de Mick Jagger nos anos 60, aquilo me deixa atordoada, mas ele some... Procuro a saída com mais vontade, subo e desço escadas, tenho a impressão que eles me seguem, mas eles não estariam mortos?! Em uma das escadas que subo a mulher me diz que a saída é para cima, eu subo até lá, a escada se bifurca, nada tem fim, cada vez mais pessoas estranhas pelo caminho, quando chego ao fim, somente um chão de pedra, a única saída talvez fosse pular e morrer, como em Abre Los Ojos, grande filme...
Percebo que assim como no filme é tudo um grande sonho. Tal como em Alice, John seria meu coelho, o hotel seria meu Overlook rockstar, isso é o que dá ler dois livros de Stephen King de uma só vez.

De qualquer forma estava longe de meu Overlook com suas escadas e colunas de estilo grego, tudo em cor marfim.