quinta-feira, 21 de julho de 2011

Ode a Curitiba

Acordei com um pombo batendo contra minha janela, exatamente 3 minutos antes do meu celular despertar... Para minha sorte já havia sido alertada para este fato dias atrás quando uma delas quase adentrou meu quarto, caso contrário, poderia ter sido bem pior... Umas das coisas que não gosto nas cidades grandes são as pombas, aqui elas que vem me acordar ao invés dos pássaros das cidades pequenas.

Amo essa cidade, mesmo não sendo minha, já que não nasci aqui, mas sinto que ela pertenço sendo está interiorizada em meu ser mais que qualquer outra...  Mesmo não tendo lembranças distantes e ser uma pessoa nostálgica, isso não a diminui em nada meu sentimento. As cidades em que passei períodos mais distantes ou nunca mais vi ou mudaram muito... Não sou daqui, mas sinto como se tivesse nascido, crescido e morrido nesta terra... Logo comigo que era tão Catarinense... Lá costumo me encontrar perdida, sem referências. Me encantei por este lugar desde a primeira vez que o vi e no fundo já sabia que viria para ficar.
Amo o centro, Centro Histórico com toda aquela nostalgia pulsante, transportando para um período há muito esquecido, O Paço da Liberdade com seu café Cult e incrementado, o Largo da Ordem e suas ébrias lembranças, o andar cambaleante pelas pedras irregulares do antigo calçamento... A Riachuelo com seu cheiro tão peculiar de móveis antigos... Aquele cheiro de madeira crua transporta-me para um passado que nem eu mesma conheço... A Praça Santos Andrade: Minha vista de todas as manhãs, UFPR prédio histórico... Quanta inspiração... Somada ao sonho de um dia, quem sabe, fazer parte daquilo... E agora fazer...

Logo mais para frente à Reitoria... Oh, quantas vezes me derrubastes, me carregastes para um mundo paralelo, me destes a sensação de um amor mal resolvido que iria insistir por anos em invadir meus pensamentos... Todas aquelas pessoas tão estranhas para os outros, tão semelhantes para mim... O ogrobol... O DCE com suas paredes forradas de tantas coisas, tantos pensamentos, tantas ideologias, uma frase de Leminski... Assim como vejo vez que outra na parte da Arquitetura do Politécnico... Politécnico seus gramados tão desejados, o cheiro da grama quando recém-cortada, o cheiro de mato tão raro, tão ressaltante, tão apaixonante... 

Os lugares turísticos os quais para mim sempre terão o mesmo encanto desde a primeira vez que os vi, o modo de vida peculiar da cidade, tão semelhante ao meu, tão rude, reservado,  seus hábitos típicos, seus inverno rigoroso acompanhado de um quentão da Praça Osório se torna algo bem-vindo. Essa cidade exala um cheiro de cultura. Tão próprio... Aqui posso discutir Literatura, Filosofia, Sociologia que as pessoas costumam ler, costumam ir ao teatro, costumam não me achar um aliem como na minha cidade pequena, provinciana, tomada por pescadores onde ao citar Nietszche as pessoas ou se benziam ou desejavam saúde...

 Adoro ir na XV e ver o povo... Sempre tão peculiar... As figuras ilustres como o Oil Man, na faculdade ainda tem o Dance Boy... Todos de algum modo ligados ao estudo da vida... Sinto que tenho a possibilidade de me tornar um personagem semelhante, caso eu acabe não resistindo e ficando passando a linha da loucura considerada normal...

Sinto-me em casa, nesta cidade, mesmo não tendo nenhum parente por perto a grande maioria dos meus amigos são daqui, os quais todos nasceram, cresceram aqui estão, daqui reclamam, mas também partilham tão intenso sentimento. Sair e ir para o Largo é sempre tão bom, mesmo que seja para ir ao mesmo bar, ouvir a mesma banda, com os mesmos amigos, na verdade é assim que eu gosto mais. Dia desses resolvi sair em Balneário Camboriú... Fui ruim como sempre é... Lembro-me de ter gostado apenas em duas ocasiões, geralmente acontecem coisas ruins... Mas isso é outra história, vou indo, pois já falei demais por hoje.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Geada e Neblina

“Você tem que mudá o finar da minha história” dizia a voz dentro dela. Acordará de forma nebulosa, dia com cerração baixa, daqueles dias os quais é difícil acreditar na sabedoria popular “cerração baixa, sol que racha” na verdade... Pensando bem... Isso nem rima. A neblina encobria a cidade, parecia que noite, mas era o inicio do dia, que pelo visto nem teria começado. Pensará ela então o porquê dessa frase em sua cabeça, a frase do filme dublado, aquela dublagem tão engraçada e patética, que faz esse suspense se transformar em comédia, tal qual sua vida a qual também vinha sofrendo com tal metamorfose.

Acorda, prepara o café, liga a TV, descobriu quanto estava valendo o quilo da soja, descobre a cotação do dólar, coisas tão longe da vida dela, mas ao mesmo tempo tão presentes. Acordará mais cedo, para aproveitar melhor o dia. Tomara café, sentará e observara o movimento, a bela vista histórica de seu apartamento, tão velho quanto. Observava as pessoas a andarem rapidamente todas encasacadas, o relógio marcando -2ºC, e ela acordada, em frente à janela “suada” nada por fazer, quis acordar mais cedo apenas para ter mais tempo para não fazer nada.

 Lembrou da voz daquele carinha nerd a lhe dizer que o tempo ocioso é tempo desperdiçado, pobre garoto esperto, dito tão inteligente, mas com tanto para aprender... Para ela esse era o único tempo realmente vivido, dedicado única e exclusivamente a viver, voltando à atenção para o mundo que o cerca...  Para seu verdadeiro ser e não para se sustentar, ser forçado a aprender, nunca deixamos de aprender, só tornamos o aprendizado chato, cansativo e pragmático, menos filosófico e mais objetivo, o deixamos desnudo e gélido para então devorarmos. É isso que as escolas fazem, sempre fizeram. Gostava muito de aprender, mas de maneira descompromissada, de maneira romântica em baixo de uma arvore, no tapete da sala, não em cima de uma mesa, com uma cadeira dura e fria em um lugar tão bem iluminado.