terça-feira, 22 de novembro de 2011

Abnego

Abnego de ti.

Abneguei em muito nos últimos tempos.
Abneguei de meu lar,
Minha estabilidade,
Minha sanidade.

Abneguei-me de minhas mentiras,
Abnego-me agora das tuas.

Passado o tempo vi que não conseguiria
mais viver minha vida daquela forma, 
não aguentaria mais meu corpo preso aqui, 
estando minha essência distante, 
contigo em outro universo.

Abneguei inclusive de mostrar-me 
tal como sempre quis: 
inatingível, inabalada;
No entanto,
mostrei-me como sempre
foi de meu agrado: com convicção e determinação.

Percebo que a teoria mostra-se diferente da prática.
Percebo que a imagem construída, desmorona, se liquefaz.
Percebo que talvez tudo aquilo que me encantou,
talvez fosse,
apenas um delírio incontido dentro de si mesmo.

A letargia manteve-me por todo esse tempo,
Adita neste placebo, agora revelado.
Fim do teste de duplo cego,
O qual se mostrou estatisticamente significante
Para o tubo branco.

No entanto.

O que seria o fim,
Senão um começo
de trás para frente.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Restaura-se

“O que procura você naquilo que já conheces?” – perguntou-lhe

“Procuro aquilo que já conheço porem que havia esquecido, cansei de procurar em corpos, copos, ambos sempre vazios, em calçadas na frente dos bares lotados... At last He used to like me... Não tem como procurar algo profundo na vazão de todas essas relações, não há como encontrar nada, estou eu e somente eu, eles estão acompanhados, eu estou na companhia das minhas próprias ilusões no canto a observar, porem sem me comover.”

“Disfarças bem neste canto” – interviu.

“Gostaria de ter o que disfarçar;
sou meu próprio disfarce,
sou minha própria marginalidade,
sou o reflexo de toda austeridade.”
– declamou para sua dose de bourbon.

“Sou a sobra que ofusca
seu próprio brilho,
sou todos os desatino,
Sou a torcida por todos,
Os quais torcem pelo meu fim.”

“Sou aquilo que acabará
por confiar naquilo que,
por ela, deixou de ser,
Cairá em sua própria armadilha
Com o sentimento de Déjà Vu "

“Compreendo... Mas e aquele seu problema de ansiedade, resolveu?” 
– Mais uma vez lhe interrompeu.

“Minha ansiedade ainda existe
Antes esperava pelo melhor
Agora ela continua
Mas não vejo muito além.”

“A gente costumava ser amigo, porque você sumiu?”

“Eu não sumi, você que nunca mais apareceu....”
–Respondeu, pela primeira vez sem interromper lhe.
“...Nem para si mesmo...” – Concluiu baixinho.