terça-feira, 21 de setembro de 2010

O cumprimento

Eu estava entretida a tirar suas coisas do escaninho, o armário escolar da biblioteca. Uma pessoa feliz me cutuca, olho para trás e acha que a pessoa havia lhe confundido de costas, como é de costume. Volta-se novamente para frente. É novamente cutucada, dessa vez a garota saltitante lhe diz empolgada e feliz:

-Oi!

Não conhecia a garota e tão logo pensei “Vou ser educada, apesar de ela estar se enganando demais, quem ela acha que eu sou? Eu nunca vi essa pessoa antes na minha longa vida.”

-Oi...

-Já te cumprimentei milhões de vezes e você nunca responde – diz a garota com um sorriso de ponta a ponta.

- Deve ser porque eu não te conheço, pensei. Mas resolve responder com um simples: “Desculpa” e tirando as coisas do armário tento correr para longe daquela situação embaraçosa. Tento por vários minutos pensar em outro desfecho para aquela história, relembo todas as atitudes que poderia ter tomado.

Será que deveria ter admitido para ela que ela não me conhecia, mas se ela me conhecesse poderia ficar chateada, não poderia tirar aquele sorriso daquele rosto ainda infantil. Mas se eu mantivesse um diálogo talvez tivesse falado besteira... Talvez acabasse por entregar o segredo que minha testa reluzia. Ou quem sabe tendo a conversa iria personificar a loucura daquele ser que pensava me conhecer.

De qualquer forma seu rosto de minha mente já se apagou e eu talvez eu continue sem responder seus cumprimentos sinceros, apimentados com um pouco de informalidade a qual eu gostaria de saber de onde vem.

sábado, 4 de setembro de 2010

Brazilian Cheese Bread

Ela sentia falta daquele pão de queijo o qual sempre comia no recreio, quando tinha seus 7, 8 anos, tinha a opção com e sem orégano... Apesar de hoje em dia ela amar orégano, ela sempre pedia sem. Certa vez a nostalgia foi maior e ela resolveu voltar a cidade e procurar a padaria.

Quando ela finalmente chegou, percebeu que a fachada não era mais a mesma, ou talvez sua memória. Não tinha mais aquele estilo colonial, mas mesmo assim pediu o tal pão de queijo. Ficou com receio de pedir com orégano e não haver mais essa opção, passando por excêntrica para a mulher do balcão, além do mais, sempre que se pedia pão de queijo a pergunta lhe era automaticamente feita.

Ela ficou a salivar enquanto esperava... Parecia uma eternidade solúvel que ia se aproximando de sua boca. O pão de queijo chega, parecia-lhe igual, o sabor também, mas isso não a satisfez. Percebeu então que a falta que sentia não era do pão de queijo, e sim de ter 7, 8 anos.