segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Para o Passado - Ausente Presente -


O céu escurecia escarlate, a chuva regava o mar truculento, que tudo trazia. Exceto aquele que a partida me entristecia. Há muito cansada de esperar, noites perdidas ao luar observando o barulho, ouvindo o escuro, coração em intenso palpitar; 

taquicardia ao ritmo de fantasias, lembranças quase esquecidas de um passado quase vida, quase real. Não o via, mas o sentia, o vento a envolvia, excitava seus mamilos.
Frio doído, úmido e envolvente, cantarolando aquela canção onipresente. Embalando sua mente, acariciando seus longos cabelos negros. Areia entre os dedos, vento nas costas desnudas, cicatrizes exibem-se na ágora vazia, acariciadas levemente encobertas pela água salgada. Ela mergulha e o reencontra na profundeza silenciosa, fria e infinita.

sábado, 25 de agosto de 2012

A Brisa Avisa


Então a chuva começou a derramar voluptuosamente sua torrente de águas ardentes, arrepiantes, ardias e ariscas, tudo estava desculpado, tudo estava lavado, perfumado pelo ozônio, purificado de dentro para fora. Tudo, todas as paisagens eram cinema, preto branco, eterno e clássico. Clássico como ele, clássico como não era meu personagem.


Lésbica maconheira designer deslisava ziguesagendo, deslisando sobre o asfalto molhado, contemplando a curvatura das sinapses, livre rente ao solo, prestes a levantar voo... Tudo estava perdoado, nada necessitaria ser cancelado. O tempo já o fizera por ti, oh nobre criatura, angélica e alada, nos encontraremos em alguma viagem por terras distantes.

Nada precisava ser perdoado.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Convite

Calmaria, sol, vento, concreto, equilíbrio, rua, movimento - simples seguia. O som é interrompido, telefone toca. Ouve-se a proposta, procura-se uma desculpa para não aceitar, não encontra, não vê motivos para não entregar-se, convence a si mesmo a entregar-se.
Vento, sol, BR, movimento, foge rapidamente da rotina, deixa o concreto pela areia, desce a serra, reencontra o ar.