O céu escurecia escarlate, a chuva regava o mar truculento,
que tudo trazia. Exceto aquele que a partida me entristecia. Há muito cansada
de esperar, noites perdidas ao luar observando o barulho, ouvindo o escuro,
coração em intenso palpitar;
taquicardia ao ritmo de fantasias, lembranças
quase esquecidas de um passado quase vida, quase real. Não o via, mas o sentia,
o vento a envolvia, excitava seus mamilos.
Frio doído, úmido e envolvente,
cantarolando aquela canção onipresente. Embalando sua mente, acariciando seus
longos cabelos negros. Areia entre os dedos, vento nas costas desnudas, cicatrizes
exibem-se na ágora vazia, acariciadas levemente encobertas pela água salgada.
Ela mergulha e o reencontra na profundeza silenciosa, fria e infinita.