segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Falsidade Ideológica

Talvez, para a maioria das pessoas, a sinceridade é querer demais. Alguns culpam a religião, outros os costumes, às vezes as regras de boa convivência, muitos nem sabem o que sentem. A verdade nua e crua pode ser dita, não necessariamente com essa discrição de um bife congelado, mas temperada com um pouco de humor, jeito e bom senso. Em alguns casos um bife congelado pode ser bem apetitoso também, entretanto, isso é só parte da minha personalidade peculiar. Uma explicação detalhada ou um pouco de filosofia ou racionalidade podem resolver problemas com o sistema nervoso simpático que nada tem haver com simpatia de fato.

O maior problema é quando a falsidade vem de dentro e engana-se a si mesmo, encarna-se o personagem, vive-se em uma realidade paralela mais cômoda, porem cedo ou tarde a verdade insiste em bater a porta com um balde vermelho contendo lágrimas, as vezes para ser divido entre você e o ator coadjuvante da peça, as vezes somente para ele. Parece-me que se valoriza mais as palavras que o sentimento de ser amado, quando a verdade surge, ela se espalha pelo ar como um esporófito, não necessitando ser afirmada veementemente como falsos discursos eleitorais. O silêncio sempre foi meu bem mais sincero. Meu jeito rude afasta os fracos presos em seus dogmas e mantêm os poucos fortes e sinceros os quais realmente me importam.

Fim de ano! Vamos às compras, um bom disfarce na falta de um abraço simples e sincero.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A ânsia da anciã

Lá estava ela a esperar... Ela não esperava pelo seu homem com 26 dólares na mão, ela não esperava pelo sol, porem ela ainda estava esperando. Enquanto esperava cantarolava aquelas três canções. Os mortos não mais o acompanhavam, esquecera o livro em cima daquela cômoda a qual aparentava pertencer ao século XVI... A bateria do seu mp3 acabara misteriosamente...

A ansiedade era seu pior defeito... Ela perdia o controle novamente, começava a desenvolver estranhas manias as quais só surgem nessas horas, ela roia as unhas, descascava raspando os dentes o esmalte das unhas pintadas de um vermelho chamativo, com os dentes ela também puxava a cutícula que revestia suas unhas... Porem, a ansiedade não passava, com isso começou a roer o dedo, descascar o dente e sugar o sangue de seus dedos, desencadeava uma autofagia... Com esses pequenos detalhes mostrava sua vontade de se devorar para não estar mais ali, não ter mais que esperar.

Revirava a bolsa incessantemente a procurar algo inexistente, achava ali moedas douradas, papeis de bala, um espelho quebrado, as chaves da casa, um batom vermelho, um lápis de olho preto, e enfim: uma caneta! Anima-se ela com a possibilidade de poder criar algo, enfeitar o seu tédio, mas a caneta da igreja roubada sem querer em uma aula de química insistia em falhar.

Falhar era seu pior medo. Sentia raiva da caneta, tinha medo dela se igualar, mas ao contrário da caneta que jogou fora, a autofagia não seria a saída caso ocorresse o erro... Ela mascava chicletes veementemente, tinha ido até lá por brincadeira, pensara em ir para logo voltar, mas ela foi mais longe do que esperava, seu sonho estava próximo, mas enquanto isso tinha a espera, a companhia indesejada a qual lhe trazia estranhas manias, a qual lhe trazia entranhas conversas forçadas, como aquelas que se tem com parentes distantes.

Ele tardava a chagar, ela tinha medo de errar, tinha ido confiante, pois não pensara chegar tão perto dele, apenas era uma groupie enlouquecida tentando a sorte. Mediante esse fim inóspito, se tem uma vaga idéia de como ela se sentia.