domingo, 26 de junho de 2011

A Tranquilidade do Mar

“Parece-me que ao me debruçar sobre o passado posso tocá-lo, mera ilusão lendária para fazer-me morrer afogada ao ver meu reflexo deturpado.”

Voltei, voltei para passar alguns dias. Relembrar o tédio adolescente... Esconder-me novamente... Dentro do meu quarto com meus amigos póstumos, esconder-me de toda humanidade, de todo o frio do lado de fora.

Voltei aos velhos dias e entendi porque sinto que o tempo tem passado tão rápido. Aqui ele congela, se esvai lentamente, as horas daqui são como dias de lá. Após a maioridade não os  vi passar, mas isso não deve ao fato de ter crescido, mas sim por ter me mudado. O tédio me consome como as batidas da onda do mar hipnotizam. Não sei como consegui viver tanto tempo aqui... Tanto tempo, tanto tédio, sem desenvolver nenhum tipo de adição ou doença psíquica. Somente desenvolvi meu afastamento social e fortaleci minhas amizades com esse povo que já partiu desta há muitos e muitos anos.

Agora é o momento que me perguntas por que então não volto para meu quarto, revejo as velhas amizades e paro de reclamar?! Estou de férias, de fato não quero me ocupar. Minha mente pelo menos não. Gostaria de ocupar-me sem grandes afazeres intelectuais.

Meus amigos se mudaram, alguns até já casaram e pensava eu que as pessoas não faziam mais isso... Outros já me esqueceram, de alguns eu mesma custo a lembrar, a maior parte, meros conhecidos com alguns trechos na minha vida, muitos com um espaço grande lá dentro. Nenhum aqui nem agora.

 Acho que vou voltar lá jogar bisca com meu avô, tomar um chimarrão,  ver sua nova velha invenção, ouvi-lo exaltar as belezas da natureza; ouvir as lembranças hipocondríacas da minha avó, seus comentários de como estou magra, o seu oferecer de pão, cuca, bolacha, chá, suas histórias e suas nostalgias, diferentes das minhas. Pois é isso também disso que eu sinto falta e faze-me sentir em casa. 

2 comentários:

Juliana Maria. disse...

AS vezes me lembro de quando estavamos na oitava série... Me lembro de quando brigavamos sobre o suco em pó... me lembro de como as coisas foram mudando...

O vida!

O consolo é imaginar que você sempre estará aqui, o elo com o racional e com todo o passado, é ter no presente ainda uma de minhas partes.

Beijos

Anciã disse...

Que lindo Ju... Muito bom ter pessoas que fazem parte do ontem, do hoje e do sempre como você ;)