segunda-feira, 11 de julho de 2011

Geada e Neblina

“Você tem que mudá o finar da minha história” dizia a voz dentro dela. Acordará de forma nebulosa, dia com cerração baixa, daqueles dias os quais é difícil acreditar na sabedoria popular “cerração baixa, sol que racha” na verdade... Pensando bem... Isso nem rima. A neblina encobria a cidade, parecia que noite, mas era o inicio do dia, que pelo visto nem teria começado. Pensará ela então o porquê dessa frase em sua cabeça, a frase do filme dublado, aquela dublagem tão engraçada e patética, que faz esse suspense se transformar em comédia, tal qual sua vida a qual também vinha sofrendo com tal metamorfose.

Acorda, prepara o café, liga a TV, descobriu quanto estava valendo o quilo da soja, descobre a cotação do dólar, coisas tão longe da vida dela, mas ao mesmo tempo tão presentes. Acordará mais cedo, para aproveitar melhor o dia. Tomara café, sentará e observara o movimento, a bela vista histórica de seu apartamento, tão velho quanto. Observava as pessoas a andarem rapidamente todas encasacadas, o relógio marcando -2ºC, e ela acordada, em frente à janela “suada” nada por fazer, quis acordar mais cedo apenas para ter mais tempo para não fazer nada.

 Lembrou da voz daquele carinha nerd a lhe dizer que o tempo ocioso é tempo desperdiçado, pobre garoto esperto, dito tão inteligente, mas com tanto para aprender... Para ela esse era o único tempo realmente vivido, dedicado única e exclusivamente a viver, voltando à atenção para o mundo que o cerca...  Para seu verdadeiro ser e não para se sustentar, ser forçado a aprender, nunca deixamos de aprender, só tornamos o aprendizado chato, cansativo e pragmático, menos filosófico e mais objetivo, o deixamos desnudo e gélido para então devorarmos. É isso que as escolas fazem, sempre fizeram. Gostava muito de aprender, mas de maneira descompromissada, de maneira romântica em baixo de uma arvore, no tapete da sala, não em cima de uma mesa, com uma cadeira dura e fria em um lugar tão bem iluminado. 

Nenhum comentário: