quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ócio da Madrugada

Fim de um dia de verão, por entre a escuridão chagada à hora de seu encontro com a solidão, na hora marcada, madrugada, imensa nesta, ao tatear depara-se com silencio. A temperatura se torna enfim mais amena, a tranqüilidade imunda a sala; a cidade que não dorme estava agora a tirar o sono dos pacatos moradores das pequenas litorâneas.

Sabia que muitos possuíam modo similar de aproveitar seus dias dedicados única e exclusivamente ao ócio, invertendo os dias abafados pelas noites serenas.

Lembrou-se então de inúmeras conversas ínfimas adentrando madrugadas sobre assuntos profundos tratados de forma simples e cotidiana. Acompanhou o movimento de chegadas e saídas, observou pela janela que inúmeras pessoas compartilhavam de sua insônia voluntária.

Liberdade detinha agora para estudar aquilo que não alimentará o corpo e sim a alma; momento de voltar à essência e buscas novas filosofias, rever questões políticas, apaixonar-se pela literatura. Apaixonar-se pela inconstância, aprender a praticar o desapego. Voltar a interessar-se por assuntos antigos. Reencontrar a paixão pela existência e pelo existencialismo, deixar de lado o niilismo cotidiano.

Desprender-se, o corpo se mantém em seu lar, a mente não mais está. Fez então um café, acende a luz, empunhou a caneta em sua mão e começa a redigir madrugada adentro. É bom estar de volta.

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