sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Metacromasia

Não tocou no assunto, o silencio falou por si, em um dialogo contido e sem respostas, um monólogo de drama e suspense.

O admirar, o fingir não notar, eternidade efêmera a transcorrer com leve som externo a se mover.

Som este tão singelo perto do estrondo tempestuoso que ocorria em sua mente; torrentes de pensamentos inundavam o ser... Assim como as tempestades estes também possuíam seus admiradores e sua beleza eterna e pesada, levando consigo tudo, arrasta e carrega, envolve e afoga.

O impulsionar sem se envolver ― não gostaria de ser este a puxar o assunto, fingiu não coordenar, dizia nada haver preparado, mas tudo estava lá, minuciosamente preparado, nem mesmo a fotografia não poderia ser mais propicia.

Observavam de cima o movimento insano de todas aquelas pessoas apressadas que buscavam chegar na hora para seus compromissos, assistiam a todo o tumulto sem o menor envolvimento; contemplavam de cima todas as preocupações dos seres humanos ― doce ilusão que uma bela imagem poderia criar.

Bela imagem de pano de fundo para ouvir um não que viera de longe para receber, gostaria de ouvi-lo logo em seu primeiro dia e tudo poder então esquecer, o discurso ensaiado saiu como se não houvesse sido praticado, a ação ecoou sem direção, perdeu-se a ligação dentre eles. Assim a cena se eternizou, no entanto o “não” mesmo não havendo sido pronunciado iria ecoar mudo em um futuro.

Mítica garoa caia fina na noite espessa molhava as faces enrubescidas, assim como os lábios envoltos pela frieza da garrafa que transbordava vinho tinto. A temperatura caia, por mais que existisse calor em seu interior; o frio congelava as mãos e arrepiava levemente a epiderme.

Em uma teimosia perversa típica insistiam em mostra-se mais forte que o clima, mantinha-se paralisados no mesmo banco, prosseguiam sóbrias as conversas ébrias sob a fotografia sombria em tons quentes.

Nenhum comentário: