quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Autodestruição

Procurou, encontrou, no fundo sabia estava correndo seu fígado e por isso bebia, sabia que no fundo não tinha motivos para comemorar. Acreditava ter que descer até o fundo do poço para poder se reencontrar. Afastou-se de tudo e de todos, se juntou a desconhecidos, desceu ao subterrâneo, dizia procurar aventura, dizia procurar pessoas, no fundo só queria a escuridão e esquecer-se de si mesmo.

 Dia desses cambaleando pela rua escura encontrou um velho conhecido, velho amigo, um dos poucos que ainda se importava, não viu este, não via nada, não se importava com nada, não temia, buscava sabotar a si mesma, não se importava, não queria ninguém que se importasse. Fechava-se em si, ria esquizofrenicamente por fora, gritava desesperadamente por dentro. Buscava alguma coisa destruindo-se assim, talvez remissão, autoflagelação, talvez ressurreição, talvez se tornar fênix.

Sabia que poucos eram o que viam sua queda, poucos eram o quais compreendiam sua alma vendida, trocada por uma garrafa de gim barata. Um preço justo por um fracasso, um preço justo por uma perda tão fútil, um preço de quem não sabe quem é não conhece o valor que tem, preço de quem foi até o inferno e voltou no mesmo dia, mas que nunca seria permitida a entrada no céu.

Olhava para baixo, para onde iria estar em breve, ao fundo, cada vez mais profundo... Surge na sua frente uma mão, não saberia dizer ao certo de quem. Pega nesta e levanta. Olha para cima e lá estava a velha companhia, não acreditara, levantou-se tentou parecer menos mal, envergonhou-se.

-Tudo bem agora, vem, vamos para casa, farei um chá. Arrumo-te uma banheira, trouxe algumas roupas que havias deixado lá em casa quando costumávamos nos encontrar e passar as tardes a filosofar, tem uma cama lá te esperando.

Ela partiu, estava trilhado o caminho de Dante partindo para o limbo, em direção ao paraíso.

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