segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A ânsia da anciã

Lá estava ela a esperar... Ela não esperava pelo seu homem com 26 dólares na mão, ela não esperava pelo sol, porem ela ainda estava esperando. Enquanto esperava cantarolava aquelas três canções. Os mortos não mais o acompanhavam, esquecera o livro em cima daquela cômoda a qual aparentava pertencer ao século XVI... A bateria do seu mp3 acabara misteriosamente...

A ansiedade era seu pior defeito... Ela perdia o controle novamente, começava a desenvolver estranhas manias as quais só surgem nessas horas, ela roia as unhas, descascava raspando os dentes o esmalte das unhas pintadas de um vermelho chamativo, com os dentes ela também puxava a cutícula que revestia suas unhas... Porem, a ansiedade não passava, com isso começou a roer o dedo, descascar o dente e sugar o sangue de seus dedos, desencadeava uma autofagia... Com esses pequenos detalhes mostrava sua vontade de se devorar para não estar mais ali, não ter mais que esperar.

Revirava a bolsa incessantemente a procurar algo inexistente, achava ali moedas douradas, papeis de bala, um espelho quebrado, as chaves da casa, um batom vermelho, um lápis de olho preto, e enfim: uma caneta! Anima-se ela com a possibilidade de poder criar algo, enfeitar o seu tédio, mas a caneta da igreja roubada sem querer em uma aula de química insistia em falhar.

Falhar era seu pior medo. Sentia raiva da caneta, tinha medo dela se igualar, mas ao contrário da caneta que jogou fora, a autofagia não seria a saída caso ocorresse o erro... Ela mascava chicletes veementemente, tinha ido até lá por brincadeira, pensara em ir para logo voltar, mas ela foi mais longe do que esperava, seu sonho estava próximo, mas enquanto isso tinha a espera, a companhia indesejada a qual lhe trazia estranhas manias, a qual lhe trazia entranhas conversas forçadas, como aquelas que se tem com parentes distantes.

Ele tardava a chagar, ela tinha medo de errar, tinha ido confiante, pois não pensara chegar tão perto dele, apenas era uma groupie enlouquecida tentando a sorte. Mediante esse fim inóspito, se tem uma vaga idéia de como ela se sentia.

2 comentários:

Juliana Maria. disse...

Ai que coisa!
Isso me causou uma ansiedade e eu tive de tomar um calmante.

Sabe que roer as unhas me causa horror! :S

Beijo

Texto mt bom!

Anônimo disse...

"uma groupie enlouquecida tentando a sorte." hahahahaha
É, ansiedade é foda...ouve um grateful dead que resolve!hahahahahahaha tah, p/variar ótimo texto!Te adoro mana =]