sexta-feira, 20 de novembro de 2009

The Half Man She Used to Be

O nomadismo nunca a incomodou, iniciou por vontade própria e prosseguiu sendo carregada em um porta-malas para um local desconhecido, e para lá foi apática. Mas era bom ter a família reunida e não ser mais presas pelas portas do condomínio. E em uma piscina de borracha com uma bola colorida conheceu um dos grandes amores de sua vida.

Construiu um diário com sonhos, ambições que quando menos esperava se abriu para vários outros homens e a traiu. Uma das lições mais difíceis de aprender, e que sua mãe sempre a advertiu: “Melhor guardar só para si, cadeados nem sempre são tão seguros quanto parecem”. Então ela mesma começou a se transformar em metal sólido e barato que volta e meia se combinava com o Cloro, mas por mais que tentasse era diferente, não conseguia criar potencial de ação e excitar o mundo a sua volta.

Com o tempo conheceu pessoas sóbrias e sozinhas como ela que diziam que era melhor assim, a maior parte de seus amigos eram póstumos. Até que conheceu o oposto de tudo isso, a sinceridade, a espontaneidade que lhe embriagou e levou para o cume da colina, um local cheio de verde e totalmente desconhecido para aonde sempre quis ir... Chegou a ir sozinha mesmo sem a menor certeza de que o encontraria por lá, encontrou e se despediu... Seu ultimo vestígio foi um livro ultra-romantista que se perdeu pelo caminho.

Em suas andanças certa vez encontrou um carrapato verde, redondo que parecia ser uma uva itália, ela gostou da semelhança com seu tipo de uva preferida... As pessoas lhe alertaram que não era positivo ter um parasita e que poderia ser chato. Ela sempre gostou de Biologia, recordou-se das horas pedidas na infância analisando a estrutura de um protozoário em dicionário velho e empoeirado... Achava que poderia ter seu amor correspondido nesse caso. Tratou de hospedá-lo, cuidar como parte de si. Mas o bicho ingrato apesar de todo o amor, ao se encher de sangue foi embora, sem dizer ao menos obrigado.

Depois disso tudo mudou completamente, passou a detestar o duende da colina verde e foi para uma montanha cinza, e assim começou a ter essa cor, não desistiu de seu amor à ciência apesar da cicatriz. Ela precisa sentir, ela precisa viver... Ela precisa odiar, precisa sair desse vidro de conserva.

O muro caiu, ela também, mas assim ela nasceu.

7 comentários:

Guilherme Zocchio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guilherme Zocchio disse...

Algumas imagens se constroem em meio à escatologia. Acho que toda lembrança é um pouco assim: um pouco de química e um pouco de luz.

(Eu tinha errado um acento, tive que corrigir! xD)

Anciã disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

uoou...a cada vez que passo aqui me sinto uma pessima blogueira, seus textos sim valem a pena perder tempo lendo..:X

Anciã disse...

Ah, que linda mana *-* Adoro teus textos também

Juliana Maria. disse...

Nossa!
Viajei um pouco, ou um pouco bastante, sempre medidas.

Beijos =)

Anciã disse...

Hahaha... Nhá, obrigada Jú, fico até sem graça ;x