terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Manhã de Sábado

-Bom dia...
-Bom dia...
-...
-zzzz....
-Não vais levantar?
-Sinto não possuir forças.
-Hm.

Começava-se o dialogo mudo entre dois quase desconhecidos, mente ainda adormecida, tentando refazer os caminhos da noite anterior. Dialogo com meias palavras, conduzido de modo pausado, sussurrado, desritmado, descompensado, arrastado, esbarrando entre os lábios que tendem a se fechar, de modo a fazer companhia aos olhos. O sol de sábado iluminava minimamente o quarto, iluminava o corpo pálido com ossos proeminentes.

O protocolo fora quebrado, deveriam levanta-se e despedir-se. Ficou lá, o tempo a transcorrer. Ela resolve colocar um sobretudo e ir a farmácia, sai então de modo indiscreto, sobretudo frente ao sol, chinelo, resquícios de maquiagem da noite passada, cabelo despenteado, exalando a fumaça de cigarros alheios diluídos em suor e fluidos. Olhar desinteressado frente aos olhares de reprovação. Pega um pacote grande de preservativos e uma escova de dentes, sem cerimônias, paga, guarda no bolso e volta pelo caminho em seu andar rastejante sob as havaianas que quase se perdem pelo caminho.

Lá está ele do modo como o deixou.
-Comprei isso aqui... Faça favor de usá-los já que vai ficar ai... -  Diz ao colocar sob a escrivaninha.
-Hm...
-Vai comer?
-Não, não precisa. Não consigo sair daqui...
-Vou pedir comida para a gente então.
-Não tenho dinheiro.
-Eu tenho... Não dá nada.

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