sábado, 18 de fevereiro de 2012

Anatomia


Passado alguns dias em uma cafeteria escondida,
um pouco de verde em meio ao cinza, 
onde eles eram os únicos a falar uma língua latina
surge um tema da consistência do ser humano:
não compreendia a beleza envolta em 
um corpo sem vida, envolto em resina.
Dissecação anatômica perfeita,
mostrando cada detalhe ignorado
sob o manto da pele.

Aquilo somos nós, aquilo era o que ignorávamos pedaço protéico a se decompor lentamente, nossa glicerina: nossa vida a qual tentava resistir com mais flexibilidade ao passar do tempo.

Tocando e espalhando-se na matéria sobre a gélida mesa de metal espelhamos e contemplamos a beleza e desenvoltura da morfologia deste animal chamado o homem.

Não compreendia a beleza do cadáver aquele que nunca se debruçou sob o corpo cadavérico de um desconhecido, amou aquele que se cedeu além vida para o desenvolvimento cientifico ou lamentou o passado daquele pobre indigente de estomago atrofiado.

Nunca gostou das aulas de anatomia, o formol irritava a mucosa nasal e seus olhos lacrimejavam. Enquanto todos tratavam aquilo como uma peça, ela ficava a pensar sobre as reflexões que haviam habitado a juventude daquela hemicabeça, talvez o formol fosse mera desculpa.


Créditos da  foto
Obvious: um olhar mais demorado 
Ótimo blog por sinal

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