segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Viagem

Faz tempo que ele se foi... As coisas mudaram tanto, entretanto, ao mesmo tempo parece que toda a minha vida continua a habitar de forma cíclica aquele mesmo dia, aqueles mesmo minutos de eternidade até hoje.  A questão de como tudo seria hoje se eu não tivesse o deixado ir, faz-me sentir como se ele continuasse aqui.  Queria falar com ele, na verdade já havíamos conversado sobre isso tantas e tantas vezes... A questão é que desde que ele foi embora vivemos nossas vidas como se aquilo jamais tivesse acontecido, exceto eu.

A maioria das coisas se apresenta apenas uma única vez, a pressão para tal acaba por fazer parte da escolha, dependendo da personalidade de quem decide. A oportunidade de acontecer algo se apresenta e se despende, e por mais que pense a respeito, nunca saberemos ao certo o que teria sido melhor. Aceitamos o presente então de forma consoladora e passamos a fingir acreditar que realmente era para ter sido assim. Aceitamos o presente e agradecemos com um sorriso mais forçado do que o de costume, agradecendo sempre simplesmente pela data não ter passado em branco.

Às vezes um não é mais tranqüilizante do que a angustia de não saber, as duvidas sempre trouxeram muito progresso, mas pelo fato de elas serem de fato incômodas... Então tentamos entender tudo, porém, nem tudo cabe a nós entender, nem tudo nos é aceito ou compreendido, comigo geralmente apenas um desde. Comigo sempre o conflito eterno do lobo frontal com o sistema límbico, onde sempre haverá um perdedor que jamais esquecerá sua derrota.

 Conversamos a respeito, conversei mesmo já sabendo a resposta, resposta puramente racional, as perguntas puramente emocionais. Mas ao final, um quase empate, nenhum deles ficou extremamente frustrado, ambos gostaram de alguma parte da conversa, apesar do saldo negativo ao menos a dúvida e a ansiedade foram sumindo, juntamente com a chuva e a louca vontade de correr pelas ruas sentindo-a sob meu corpo e inundando minha alma, até a exaustão, a fadiga muscular, a dor, mas, ao mesmo tempo, toda endorfina, por fim o dormir no asfalto e o acordar com pneumonia e dor nos ossos e articulações.


No fim nada mais que memórias e algumas poucas certezas.
Afinal é a memória que torna viva muitas coisas que sem ela não existiram mais.

Estado de espirito: tal e qual uma obra de Edward Hopper.

2 comentários:

Natallie disse...

Gostei bastante talita, me fez lembrar de uma situação parecida que aconteceu comigo... beijos!

Anciã disse...

Obrigada, que bom que tu se identifica acho que isso é o que me faz gostar da maioria das coisas =)
Beijos e obrigada pela visita.