terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Visita

A inspiração voltou como quem vem de longe... Como a brisa marinha trazida ao alto da montanha por uma chuva torrencial que vem lavando tudo... Com ela muitos detritos esquecidos. Veio sem perguntar se poderia, veio com muita bagagem, e eu, na condição de hospede, tendo que recolher as malas... Curiosidade mórbida pelos velhos presentes que estariam lá...

A visita era quase tão velha quanto eu, seu nome: Nostalgia, na sua áurea: medo e alegria. Sentimentos opostos que contrastam e tecem esse tapete de retalhos que eu escondia bem lá no fundo da casa, perto da lavanderia.

Esconder é ocupação antiga... Quando criança aonde tinha uma gaveta na qual escondia tudo que minha mãe falava que deveria ser guardado. Mas esconder não funciona por muito tempo... Um dia a gaveta ficou muito pesada, perdeu seu elo com aquela espécie de trilho onde deslizava e nunca mais se abriu. A força da criança era insuficiente.

Gavetas tais como as de Dalí que só a psicanálise poderia abrir? Quem sabe? Sei que já não ando mais tão à toa quanto aquela época, sei que já não absorvo mais tudo tão facilmente...

Passada a infância e adolescência... Agora quero saber a procedência de tudo: a fonte da afirmação, a safra do Cabernet Sauvignon, o qual na época não existia na minha vida, tomava em vez deste um vinho barato... Daqueles denominados tinto suave, ou seja, vinho seco com açúcar a qual maximiza seu enjôo na ressaca.

Ressaca na praia naquela onde pensei que as ondas teriam levado consigo os pedaços daqueles momentos com o vai e vem das ondas, assim como moem as conchas.

Um comentário:

Edison Consiglio disse...

Vinho suave é realmente horrível depois que se conhece o vinho tradicional - maravilhoso e apaixonante.

Muito agradável e interessante o texto.Uma mistura de literatura sensorial com psicologia nostálgia(what the fuck..).