sábado, 4 de julho de 2009

Pure and Easy

É difícil captar a essência de nossa própria existência. É difícil captar os momentos para poder descrevê-los, quanto mais os minutos se esvaem mais complexo parece conseguir englobar, exprimir, tentar fazer-se sentir através de palavras, algo impossível e todos sabem disso. Porém o homem sempre irá tentar o impossível, tem incrível vocação para tal. “Somos nós os grandes deuses” teoria meio budista que eu adorava espalhar.

O impossível, o inalcançável, o bom, o puro, o infinito, tudo que parece intocável, muitas vezes é apenas imperceptível, que já se tem. Como dizia uma poesia que marcou minha infância.

Céu - Manuel Bandeira
A criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha.
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.

Eu sempre busquei o mais complexo, o mais excêntrico, sempre tentei na verdade não conseguir. Sempre quis fugir, sempre querendo ser forte e inabalável, inatingível e ao buscar isso mais fraca não poderia ser.

Sempre me afastei das coisas suaves, simples e puras, tinha medo de contaminá-las, e acabei eu me intoxicando com o próprio veneno. Com medo de estragá-las ou de nelas viciar procurei outras drogas as quais demorei a me libertar, mundo fútil dos interesses, do querer sentir sem ao menos ter algo para tal, havia apenas uma vontade fútil.

Não se acreditava porque com isso se iludia.
Busquei me jogar na ressaca que sempre busquei fugir em uma atitude meio junkie que não tem nada a perder. Assim acabei me perdendo e me reencontrando, consegui então sentir a sístole e a diástole pela primeira vez apesar de viver a tantos anos. Senti o sangue jorrar, se espalhar, senti cada célula do meu corpo, senti como é existir, toquei a existência e por ela agradeci, oh sonho denominado vida.
Muito obrigada por estar de volta.

3 comentários:

Anônimo disse...

"É noite. Sinto que é noite
não porque a sombra descesse
(bem me importa a face negra)
mas porque dentro de mim,
no fundo de mim, o grito
se calou, fez-se desânimo.
Sinto que nós somos noite,
que palpitamos no escuro
e em noite nos dissolvemos.
Sinto que é noite no vento,
noite nas águas, na pedra.
E que adianta uma lâmpada?
E que adianta uma voz?
É noite no meu amigo.
É no noite no submarino.
É noite na roça grande.
É noite, não é morte, é noite
de sono espesso e sem praia.
Não é dor, nem paz, é noite,
é perfeitamente a noite.

Mas salve, olhar de alegria!
E salve, dia que surge!
Os corpos saltam do sono,
o mundo se recompõe.
Que gozo na bicicleta!
Existir: seja como for.
A fraterna entrega do pão.
Amar: mesmo nas canções.
De novo andar: as distâncias,
as cores, posse das ruas.
Tudo que à noite perdemos
se nos confia outra vez.
Obrigado, coisas fiéis!
Saber que ainda há florestas,
sinhos, palavras; que a terra
prossegue seu giro, e o tempo
não murchou; não nos diluímos.
Chupar o gosto do dia!
Clara manhã, obrigado,
o essencial é viver!"
- Carlos Drummond de Andrade, PASSAGEM DA NOITE.

O essencial é viver!

Fernanda disse...

Viver é muito belo!!
Aproveite isso..

=**

gostei do blog ^^

Fernanda disse...

alçkalçksalçskaçlsk
na verdade conheço a música pelos ramones, mas a original tbm é linda, tocou num casamento q eu fui na hora da valsa *-* sçalkslçaksçlkaçlksçl
acho que descobri essa musica uma vez no teu mp4..
beijoss