sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Cura Hetero


Vou parar. Já cortei da dieta carne, leite, ovos, mas ainda não cortei o sofrimento animal da minha vida, me refiro ao meu próprio, meu amor próprio. Preciso parar de comer homens. Vou me alistar no exercito gayzista e implementar nossa ditadura da minoria oprimida, vamos sair matando homens, heteros, cis, brancos, pais de família. Mataremos o poder hegemônico. Não sobrará pedra sobre pedra. “Você está sendo extremista, estás sendo radical”— me dirão. Provavelmente um desses homens que citei que se sente oprimido por não vivenciar a verdadeira opressão. “Eu posso entender a opressão sem vive-la”. Não, querido, tu jamais saberás e por não saber em algum momento tenderás a menospreza-la. “Ah, vamos, você está exagerando” – me dirás. Tu me dirás que sou extremista ao declarar guerra, mas creio que isso seja mera formalidade. Declarando guerra estou apenas jogando na cara da sociedade aquilo que ela vira a cara para não ver. Todos os dias mulheres são violentadas, ameaçadas, subjugadas, estupradas, desfiguradas.  Mas quem está sofrendo é você homem privilegiado que quando pela primeira vez não é ouvido, não sou obrigada a lhe dar atenção. Todos os meios já lhe dão voz. Essa ecoa o tempo todo. Fomos criadas ouvindo essa voz do Grande Irmão nos dizendo o que fazer, como nos portar, nos culpabilizando por tudo. Não sou obrigada a te ouvir, já sei tua opinião e opressor e oprimido nunca chegarão em um consenso. Não há igualdade em uma relação heterossexual. Não existe liberdade sexual enquanto não houver igualdade de gênero. Não existe amor livre para quem nunca aprendeu a amar.

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